A maioria dos estudos científicos sobre as propriedades apiterapêuticas da própolis é feita a partir do isolamento de alguns dos seus elementos constituintes, como os flavonoides e os esteres. Com isso, perde-se a visão do potencial sinérgico pelo conjunto de todos eles, que sempre será superior à ação isolada de cada um (Houghton, 1998).
Analgésico
O efeito analgésico da própolis é três vezes mais efetivo que a cocaína, 52 vezes mais potente que a procaína
e, segundo Rode (1977) e Ghisalberti (1979), três vezes superior aos analgésicos comuns. De acordo com Paint e Metzner (1979), esse potencial anestésico deriva dos princípios ativos do ácido caféico, da pinostrobina e da pinocembrina. A dor resulta da ação das prostaglandinas e a própolis inibe as enzimas que as sintetizam.
Ela funciona de modo quase idêntico ao da aspirina, mas sem a desvantagem dos seus efeitos colaterais negativos.
Essa capacidade de bloquear as enzimas também impede a inflamação e o sangramento das gengivas que podem levar ao enfraquecimento da estrutura óssea, que faz amolecer e cair os dentes, ao mesmo tempo
que estimula outras enzimas que fortalecem as paredes dos vasos capilares da gengiva, combate
a inflamação e a dor de garganta.
Antialérgico
A secreção da histamina e da serotonina fazem parte do mecanismo das reações alérgicas quando um agente alergênico toca a superfície das células. Porém, os bioflavonóides da própolis bloqueiam essas secreções e, conseqüentemente, as reações alérgicas.
Anticancerígeno
Uma das características da própolis é ajudar a controlar o processo de degenerescência e falência celular. Segundo a experiência dos romenos Popovic e Oita, a própolis estimula o desenvolvimento das células normais (mitose) ao mesmo tempo que inibe as malignas (mitodepressão), promovendo a restauração da normalidade
dos tecidos. Köning (1988) constatou não apenas o potencial antialérgico, antiviral e endócrino da própolis, como também o anticancerígeno devido à ação do ácido caféico e seus derivados. De acordo com Su (1996), o ácido caféico não só inibe o crescimento de tumores quimicamente induzidos, como tem ação seletiva sobre as células cujos genes se tornaram promotores do câncer.
Os estudos de Grumberger (1988) revelaram o potencial citotóxico da própolis sobre células do câncer de cólon, de rins, melanomas e carcinomas. E a substância apontada como responsável por tal efeito foi o ácido caféico. Ross (1990) constatou ação semelhante sobre células do câncer de ovário e sarcomas. Segundo as observações de Matsuno (1992), a própolis também inibe o desenvolvimento de carcinomas hepáticos e uterinos, devido à ação da qüercetina, do ácido caféico e do clerodane diterpenóico, sendo que este último mostrou ter uma ação particularmente seletiva sobre as células cancerosas. De acordo com os estudos de Kimoto (1995), a artepilina C da própolis mostrou ter grande ação citotóxica sobre as células de carcinomas gástricos e mucosos. Ciente de todas essas informações, a utilização da própolis como agente preventivo contra o desenvolvimento do câncer passa a ser uma questão de bom senso.
Anticárie e Antiperiodontite
A própolis tem se mostrado de valor inestimável no combate às cáries e a outros inúmeros problemas da mucosa bucal como aftas, estomatite, gengivite, piorréia, parodontoses, glossite (inflamação da língua), assim como para combater a dor após a extração de um dente e a irritação provocada pelas próteses dentárias. Em 1980, Schmidt constatou, a partir de um estudo duplo-cego, a eficiência de se enxaguar a boca com uma solução com 10% de concentração de própolis e água, na proporção de 1:5, no combate à gengivite, doenças periodontais e formação de placas.
As observações de Gafar (1986) fez com que ele afirmasse que uma solução com 50% de extrato de própolis é extremamente eficaz contra a gangrena gengival. Posteriormente se constatou que o simples ato de esfregar a própolis sobre as gengivas ou mastigar chicletes à base de própolis tanto desacelera como reverte os processos degenerativos da gengivite.
Em relação à atuação da própolis sobre as placas dentárias, a mesma conclusão alcançada por Gafar foi compartilhada por Neumann (1986) e Arvouet (1989). Por isso, segundo Neumann, a própolis deveria ser adotada por todos como fator coadjuvante da higiene bucal diária - o que explica a grande eficiência do creme dental Forever Bright Toothgel, à base de Aloe vera e própolis.
Em 1989, Gafar afirma que a própolis não apenas agia como um antiinflamatório das mucosas da boca como acelerava e diminuía a marca das cicatrizes. Kosenko and Kosotch (1990) recomendaram o uso da própolis nos tratamentos de canais por ser anestésica e estimular a regeneração óssea.
Segundo Ikeno (1991), a própolis exerce atividades antimicrobianas contra os Estreptococos sobrinus, mutans
e cricetus. Os ratos inoculados com o E. sobrinus, que receberam água com própolis, apresentaram um número muito mais reduzido de cáries do que o grupo de controle. O potencial de inibição que a própolis exerce sobre
o desenvolvimento das cáries foi atribuído ao bloqueio sobre as atividades da glicosiltransferase, da qual depende a síntese dos glucanos - polímeros de glicose. Paralelamente descobriu-se que os ratos com uma dieta rica em gorduras desenvolviam menos cáries.
Segundo Ota (1996), não existe mais dúvida sobre o poder de inibição que a própolis exerce sobre desenvolvimento das bactérias promotoras das cáries dentais. Outros estudos mostraram que sob determinadas concentrações, certos tipos de própolis diminuem a formação de cáries em até 60%.
O Dr. Michel Hyun Koo, da University of Rochester Medical Center, que analisou mais de 2.500 amostras de própolis, é categórico em afirmar que: A variação na composição química (da própolis) depende, diretamente,
das plantas de origem e da ecologia específica de cada região... Existe uma grande variedade de própolis no mercado, mas a maioria não possui atividade anticárie alguma.
Antiinflamatória e Anticoagulante
Para a apiterapia, a própolis age contra a artrite, artrose, epicondite (tennis-elbow), lumbago, reumatismo, ciática, tendinite e torcicolo. O estudo publicado no Drugs Under Experimental & Clinical Research (1993; 19:197-203) destacou sua a ação antiinflamatória e sua habilidade em prevenir a coagulação do sangue. Injeções de solução aquosa de própolis administradas em 22 pacientes com processos inflamatórios e necrose na cabeça superior
do fêmur promoveram melhoras significativas e diferentes em relação aos outros 32 pacientes tratados por meios ortodoxos (Przy-bylski and Scheller, 1985). Estudos laboratoriais mostraram que a própolis tem atividades antiinflamatórias similares às da indometacina (fármaco muito utilizado) e apontaram os flavonóides e o ácido caféico como os responsáveis por tal feito (Mirozeva and Calder, 1996).
Antimicrobiana
A própolis é considerada por muitos como o mais poderoso "antibiótico natural". De acordo com Marcucci (1995), a diversidade de aplicações clínicas que a própolis oferece aponta para o fato da sua maior eficiência estar relacionada a doenças que têm como origem a contaminação microbiana.
Segundo o trabalho do Dr. Krell, publicado pela FAO (1996), ao longo das últimas décadas estudos científicos se acumulam no sentido de demonstrar seus efeitos inibitórios sobre diferentes microrganismos. A ação antibiótica da própolis, também conhecida como "penicilina russa", além de ser equivalente ou superior aos antibióticos hoje oferecidos pela indústria farmacêutica, apresenta pelo menos três grandes vantagens:
1. Não extermina as bactérias amigáveis responsáveis por impedir a invasão de agentes patogênicos, como o fungo da Cândida, por exemplo, sobre os quais os antibióticos não exercem poder algum.
2. Não degrada a mucosa do tubo gastrintestinal, como fazem os antibióticos.
3. Não promove a resistência dos microrganismos mutantes, como fazem os antibióticos.
A própolis atua, inclusive, contra o Estafilococo aureus, responsável por um dos tipos de pneumonia e por 5-10% das infecções hospitalares, que levam muitos pacientes à morte - atualmente, só existe um antibiótico de última geração, portanto fortíssimo, ao qual o E. aureus (ainda) não apresenta resistência.
A própolis atua, inclusive, contra o Estafilococo aureus, responsável por um dos tipos de pneumonia
e por 5-10% das infecções hospitalares, que levam muitos pacientes à morte - atualmente, só existe
um antibiótico de última geração, portanto fortíssimo, ao qual o E. aureus (ainda) não apresenta resistência.
Em sinergia com a própolis, a ação dos antibióticos é potencializada (Chernyak, 1971). Segundo Kivalina e Gorshunova (1973), esse aumento pode ser de até cem vezes. Cepas de estafilococos, normalmente resistentes aos antibióticos, tornam-se muito mais sensíveis à ação dos medicamentos se própolis for administrada concomitantemente (Shub, 1981).
A. Antiviral
Uma das propriedades mais importantes da própolis é em relação aos vírus, já que não existe antibiótico algum capaz de combatê-los. O potencial antiviral da própolis está relacionado ao poder de inibição do ácido cinâmico sobre o processo de reprodução viral (Serkedjieva 1992).
Entre os vírus já reconhecidos como sensíveis à própolis, temos os da:
Doença de Newcastle
(Maksimova-Todorova, 1985)
Herpes simplex
(Sosnowski, 1984)
Influenza (gripe A e B)
(Likar, 1978; Maksimova-Todorova, 1985; Neychev, 1988; Serkedjieva, 1992)
Batata-inglesa
(Fahmy et Omar, 1989)
Contra o vírus da Hepatite B, a combinação de própolis e pólen é de grande eficiência (Lesnicar 1978).
No caso do vírus do Herpes simplex, o processo de cura é acelerado se, além de ingeri-la, um creme à base de própolis for aplicado sobre o local. Na experiência clínica de Bolshakova (1975), entre 110 pacientes infectados com o Herpes zoster, 97 obtiveram excelentes resultados com um ungüento à base de 50% de extrato de própolis.
A própolis combate, particularmente, as infecções no trato respiratório superior, como nos quadros de gripes
e resfriados (Focht 1993). A duração dos resfriados é reduzida a três dias, contrastando com os cinco dias necessários à recuperação dos pacientes tratados de maneira convencional (Scheller 1989).
Por desconhecer esta propriedade da própolis e instigados pela indústria farmacêutica, muitos têm recorrido
às vacinas antigripais como opção profilática, acreditando que elas sejam tão eficientes quanto inócuas ao sistema imunológico (assunto polêmico a ser tratado no terceiro volume).
Mark Konlee (2000) relata a experiência de um rapaz soropositivo que ao adicionar a própolis à sua cota diária de vinagre e pimenta-caiena, observou que seus nódulos linfáticos desincharam e suas fezes voltaram a boiar, como já não lhe acontecia há três anos. E o rapaz com quem repartia o apartamento mantinha a contagem das suas CD4 em torno de 600 sem tomar medicamento algum, apenas própolis e outros suplementos alimentares.
B. Bactericida
O potencial bactericida da própolis é o mais estudado. A intensidade com
que bloqueia o desenvolvimento e extingue as cepas das bactérias depende
da qualidade e do grau de concentração dos seus princípios ativos.
Entre as bactérias reconhecidas como vulneráveis à ação da própolis destacam-se:
Mais de 110 anaeróbicas
(Kedzia, 1986)
Bacilo de Koch
(Karimova, 1975; Grange, 1990)
Bacilo larvae
(Mlagan e Sulimanovic, 1982)
Bacilo subtilis
(Meresta e Meresia, 1985-86)
Bacteróides nodosos
(Muñoz, 1989)
Esqueríchia coli
(Simúth, 1986)
Estafilococo aureus
(Kedzia 1986; Meresta 1988; Dimov 1991; Qiao 1991)
Estafilococo spectes
(Chernyak, 1973; Rojas, 1990)
Estreptococo
(Rojas e Cuetara, 1990)
Estreptomicetos
(Simuth et al, 1986)
Giárdia lambia
(Olarin, 1989)
Helicobacter pilori
(Itoh, 1994)
Klebsiela pneumoniae
(Dimov, 1991)
Mycobacterium tuberculosis
(Karimova, 1975)
MRSA
(Grange et Davey, 1990)
S. sobrinus,
mutantes e cricetus
(Arvouet, 1990; Ikeno, 1991)
Saccharomices cerevisiae
(Petri, 1988)
Salmonela e Shigela
(Ghisalberti, 1979; Okonenko, 1986 e 1988)
Segundo as pesquisas de Ikeno (1991), a própolis também protege o organismo contra os estreptococos mutantes e várias outras espécies de estreptos relacionados tanto às cáries e infecções da gengiva como às infecções de garganta.
C. Fungicida
Os fungos são criaturas que reúnem características vegetais e animais. Desse "reino" fazem parte as leveduras/fermentos, os cogumelos, os fungos e o mofo. Acredita-se que as propriedades fungicidas da própolis estejam relacionadas ao ácido caféico, pinocembrina e pinobancsina, que atuam até mesmo contra os fungos mais rebeldes como a Candida albicans, também conhecida como monília.
O Aspergillus niger, por outro lado, contamina as ervas, chás, frutas, cereais, feijões, pele, pulmões, mucosas dos ouvidos etc.(Crissy, 1995) Diversos problemas causados pelos fungos à pele, couro cabeludo e mucosas, podem ser extintos pela própolis, até mesmo a uma concentração de 0,01%. Entre os fungos já reconhecidamente sensíveis à própolis, temos:
Ascosfaera apis
(Kedzia, 1986; Ross, 1990)
Aspergillus niger
(Petri, 1988)
Botritis cinérea
(La Torre, 1990)
Candida albicans
(Valdés, 1987; Holderna, 1987; Petri, 1988)
Plasmopara viticola
(Hofmann, 1989)
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