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Saúde e Bem Estar


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Fazer Regime por Conta Própria Pode até Engordar ao Invés de Emagrecer




Na luta contra a balança é comum as pessoas fazerem dietas sem a orientação correta. Confira as dicas de uma nutricionista para não errar.

O verão sempre faz muita gente começar uma luta contra a balança. Na busca do peso ideal é comum as pessoas fazerem dieta por conta própria. Mas em muitos casos, além de não conseguirem emagrecer, podem até engordar.


"Tem dieta de tudo quanto é tipo, da proteína, dieta líquida", diz Flávia Zampini, nutricionista.
"Conheço a dieta da sopa, que só come sopa", afirma Lusiane Dalla Fini, comerciante.
"Não adianta passar cinco dias tomando sopa ou líquidos para perder peso. Você vai perder água e ainda vai favorecer um quadro de desidratação, um quadro mais pra frente de anemia e de privação de alguns nutrientes importantes para o nosso organismo", alerta Paula Tonissi, nutricionista.
Além das receitas que prometem ser milagrosas, existem os mitos. Erros cometidos por quem tenta emagrecer por conta própria.
Comer frutas à vontade:
"A fruta ela é muito boa, mas ela tem que ser consumida com moderação, porque ela também é calórica, ela contém açúcares."
Parar de comer à noite:
"A gente pode reduzir a quantidade e reduzir o número de calorias, mas a refeição deve ser feita".
Substituir qualquer queijo, pelo queijo branco:
"Não adianta a pessoa passar a comer queijo branco o dia inteiro, porque ele também tem proteínas, ele também tem gordura. O queijo branco deve ser consumido em torno de 30 gramas".
Exagerar nos produtos light.:
"Ele é reduzido em algum tipo de nutriente, então se você consumir além do número de calorias que você precisa por dia, você também vai engordar".
Uma regra básica que funciona para emagrecer é diminuir os carboidratos. Arroz, batata, macarrão e pão, só devem representar metade de tudo o que você come em um dia.
Para ter uma alimentação equilibrada, o certo é comer cinco ou seis vezes por dia. E nessas refeições distribuir, da maneira que achar melhor, três frutas. Três copos de leite ou derivados, cinco porções de verduras ou legumes e só uma ou duas porções de carne, de qualquer tipo. Água, à vontade, no mínimo oito copos.
Só a reeducação alimentar é suficiente para perder peso, mas o ideal é ter acompanhamento de um médico. "Não adianta também você perder peso e não estar com um aspecto não saudável. Então, depois que você aprende a fazer reeducação alimentar, você consegue manter o peso com um aspecto mais saudável", diz Heloísa de Moraes, jornalista.
Para dar a orientação correta e tirar dúvidas sobre emagrecimento, a nutricionista Ana Paula Tonissi participou de um bate-papo em nosso site. Veja abaixo algumas dicas que ela deu para os internautas:
Dificuldade em emagrecer
Isso acontece por conta do sedentarismo ou da pessoa achar que está fazendo um lanche inocente, mas que não é tão inocente assim. Precisa verificar se o metabolismo não está muito lento. Recomendo que se faça exercícios físico e pode fracionar mais vezes as refeições.
Café da manhã
É a refeição mais importante. Deve ser feito, sim, ou o metabolismo demora para começar a funcionar.
Chá verde
Ajuda um pouco, pois acelera o metabolismo e é diurético, mas não resolve sozinho.
Água
Muitas vezes a gente come por estar com sede, pois o cérebro não distingue. Estando hidratado também diminui alguns sintomas que podem causar fome. Se estiver com fome, tome água antes para ver se não é sede. Água durante as refeições atrapalha na digestão, mas não é isso que vai fazer engordar.
Dietas rápidas
Tudo que perde rápido, você ganha rápido. Para perder um quilo de gordura tem que queimar 9 mil calorias. As dietas drásticas só perdem água. A média fisiológica para perda de peso é de meio quilo por semana.
Barriguinha
Diminuir o consumo de bebida alcóolica e evitar o excesso de carboidratos simples, como açúcar e farinha, e gordura animal.
Hipotireoidismo
O metabolismo fica mais lento e precisa primeiro tratar esse problema com um endocrinologista. Depois entra com uma dieta para reduzir o peso como qualquer outra pessoa.
Salada
A ordem não faz muita diferença, mas recomendamos comer antes para diminuir um pouco o apetite.
Jantar
Deve ser um pouco mais leve, evite carnes gordas e massas.

Toda Fimose Precisa Operar?

Excesso de pele pode atrapalhar o início da vida sexual e até causar câncer de pênis.


Excesso de pele no pênis pode prejudicar o início da vida sexual.
Fimose e excesso de pele no pênis são coisas diferentes. Uma precisa operar, a outra só opera se quiser. Em comum, as duas têm relações diretas com doenças perigosas.
A pior de todas é o tumor de pênis, que atinge 2% dos homens com câncer. “Uma vergonha para a medicina brasileira”, afirma o urologista Joaquim Claro, chefe do serviço de urologia do Centro de Referência em Saúde do Homem, de São Paulo.
Esse tipo de tumor acontece na grande maioria das vezes por higiene inadequada, ou seja, o homem não lava direito o pênis. “O excesso de pele pode contribuir com a doença por facilitar o acúmulo de resíduos, suor e urina”, explica Rubens Dias Cortina, urologista do Hospital Leforte.
Neste cenário, existem fungos que encontram um ambiente propício para se desenvolver. O resultado são inflamações consecutivas, que podem sensibilizar a glande (extremidade do pênis). “É daí que vem um mito da postectomia (circuncisão). Ela não deixa o pênis menos sensível, e sim recupera a sensibilidade normal”, esclarece.

Desde o nascimento
Cerca de 90% dos bebês nascem com excesso de pele ou fimose. Mas a grande maioria não requer intervenções médicas. A pele do pênis se ajusta com o tempo.
Mas é preciso estar atento a um erro comum. Muita gente acredita que é preciso massagear a pele do pênis, com movimentos similares à masturbação, para resolver o problema, porém isso pode piorar a situação. Se a pele for forçada demais, ela pode sofrer pequenos traumas e formar cicatrizes. Isso torna o tecido mais fibroso, mais inchado e com menos elasticidade, dificultando ainda mais a exposição da glande.
“É preciso operar imediatamente quando a fimose impede a exposição da glande e a saída da urina, pois isso força demais a bexiga e causa infecções perigosas ao organismo ainda frágil do bebê”, afirma Claro.
Em algumas crianças, a fimose é tão expressiva há apenas um pequeno furo, quase do tamanho de uma agulha, para a saída da urina. De tão apertada a pele, é impossível expor a glande. “Essa é a fimose nível um”, afirma Cortina.
A fimose nível dois é bem parecida, pois só permite expor parte da glande. Em seguida, a nível três permite expor a glande mas a pele forma uma espécie de anel que estrangula a extremidade do pênis, impedindo a passagem adequada de sangue.
“É preciso operar nos três casos”, diz o urologista. Nos níveis dois e três ainda é possível esperar a criança abandonar as fraldas, o que facilita a cicatrização do órgão.
A fimose nível quatro, na realidade, configura apenas um excesso de pele. Não precisa ser operada, mas o procedimento pode ser adotado na adolescência, caso o garoto esteja passando por seguidas inflamações. “Nestes casos, é comum também haver um freio curto demais”, ressalta Cortina.
O freio é a pele que liga a glande ao prepúcio, nome dado à pele que encobre a glande. Se o prepúcio for excessivo, o freio pode não ser longo o suficiente para permitir uma exposição confortável da glande. Na prática, isso significa que o homem pode ter dor nas relações sexuais.

Doenças sexuais
Excesso de pele também está associado às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Estudos internacionais indicam que a circuncisão reduz em 60% o risco de infecção pelo HIV, vírus causador da AIDS. “A operação também diminui o risco de HPV e câncer de colo de útero nas parceiras sexuais”, afirma Claro.
O procedimento cirúrgico é simples, feito com anestesia local em adultos e geral em crianças. O básico da recuperação leva uma semana, embora seja preciso esperar 30 dias para retomar a vida sexual.
Vale lembrar que não há risco da cirurgia causar disfunção erétil, bem como ter fimose não impede o crescimento natural do pênis.
 
1 - O que é FIMOSE ?
Fimose é a dificuldade, ou mesmo a impossibilidade de expor a glande ("cabeça" do pênis) porque o prepúcio ("pele" que recobre a glande, a cabeça do pênis) tem um anel muito estreito. Não é o simples fato do prepúcio (pele) estar colada na glande (cabeça), o que é freqüente e normal nos primeiros anos de vida (aos 6 meses somente 20 % dos meninos conseguem expor totalmente a glande, mas quase 90 % já o conseguem aos 3 anos).

2 - Por que as crianças tem FIMOSE ?
O motivo mais comum são as assaduras (dermatites amoniacais), causando postites, e cicatrizes (fibrose). Como cicatrizes sempre retraem a pele, isto torna o anel prepucial mais estreito. Também existem casos de crianças em que os pais preocupados com o acolamento normal entre a glande e o prepúcio fazem "massagem", forçando a pele, e ocasionando pequenos traumatismos (microtraumatismos), que ao cicatrizarem tornam o anel estreito, e aí formam uma verdadeira fimose.

3 - Então não se devem fazer "exercícios ou massagens" para ajudar a "abrir" o anel da pele (prepúcio) ?

Não, pois podem ocorrer microtraumatismos com dor, inflamação local e até sangramentos, e a cicatrização pode levar a um estreitamento da abertura no prepúcio. Os exercícios ao causarem dor e desconforto também criam na criança o medo de que alguém mexa nos seus genitais. Este medo interfere na higiene peniana, e ao não se realizar uma boa higiene ocorrem as postites (inflamações ou infeções do prepúcio), que são outra causa da Fimose. Este medo também dificulta a aceitação da cirurgia, dos cuidados pós-operatórios, e interfere na aceitação da sua sexualidade.
4 - Como prevenir a Fimose?
A melhor prevenção é ensinar aos pais como realizarem a higiene perineal, sem fazerem "massagens e exercícios", e reconhecendo e tratando adequadamente as dermatites amoniacais (assaduras) e as postites.

5 - Por que as crianças com Fimose necessitam de tratamento cirúrgico?

a) Permitir a higiene adequada do pênis.
b) Permitir no futuro um relacionamento sexual satisfatório.

c) Evitar ou corrigir a PARAFIMOSE (quando o orifício de abertura do prepúcio, por ser muito estreito, fica preso logo abaixo da glande, com dor, inchaço imediato e dificuldade de urinar

d) Diminuir o risco de balano-postites (infeções do prepúcio e glande), infeções urinárias, doenças venéreas e do câncer no pênis.
e) Diminuir o risco de câncer de colo de útero na sua futura esposa.


Observações:

a) A fimose não impede, nem prejudica o crescimento do pênis, portanto a cirurgia (Postectomia) não vai ajudar o crescimento do mesmo.

b) É estimado que mais de 18% dos meninos não circuncidados podem ter indicações cirúrgicas até os 8 anos de idade.


6 - Qual a idade ideal para cirurgia da Fimose?
Nos casos não complicados aguarda-se até ao redor dos 7 - 10 anos de idade , por 3 motivos:

a) Neste período pode ocorrer o descolamento normal do prepúcio, a cura, não necessitando mais da cirurgia.

b) Até os 5 - 6 anos o menino realiza sua identificação sexual, chamada Fase Fálica, portanto o menino já entende a necessidade da cirurgia, e não corre o risco de achar que foi cortado um pedaço do seu pênis (Síndrome da Castração)

c) Antes da adolescência, quando as ereções mais frequentes tornam o pós-operatório mais doloroso e aumentam o risco das complicações.

7 - Como os pais podem preparar seu filho para a cirurgia ?

Em primeiro lugar os pais devem receber do cirurgião pediátrico orientações que lhes permitam conhecer como será realizada a cirurgia, para que eles se sintam seguros e possam transmitir esta segurança para seu filho.

Além disso é importante não esconder do paciente o que será realizado, mas sem entrar em detalhes que ele não possa compreender e que possam assustá-lo. Ex.: a palavra "cortar"

Demonstrar amor, segurança, e levá-lo ,se possível, a conhecer o local onde será realizado a cirurgia também auxilia no preparo pré-operatório.


8 - Como é feita a cirurgia ?
A não ser que o paciente tenha outras doenças ou que os pais prefiram, a cirurgia será feita de Ambulatório, isto quer dizer que o paciente não precisa ficar internado, não vai dormir, passar a noite num quarto do hospital, evitando assim uma maior separação do ambiente familiar, e diminuindo os riscos de infecção hospitalar.

Quanto a técnica cirúrgica, e o quanto de pele a ser ressecada (retirada), isto varia conforme a idade do paciente, a intensidade da fimose, e a experiência do cirurgião.


9 - Os pais podem assistir a cirurgia ?
Nas crianças acima de 6 a 12 meses de idade é importante que um dos familiares permaneça junto a criança até que ela durma, para que ela se sinta segura. Em alguns hospitais de Porto Alegre é permitida e incentivada a permanência do pai e/ou da mãe ao lado da criança durante a indução anestésica..
Durante o ato cirúrgico no entanto não é permitido, por não ser necessário, para diminuir os risco de infecção, e evitar transtornos a rotina da sala cirúrgica.

Na Sala de Recuperação Pós-Anestésica , os pais podem permanecer ao lado do filho, tranqüilizando-o, e auxiliando-o a se alimentar após estar bem acordado.


10 - E a anestesia, é local ou geral ?
Na infância, e mesmo na adolescência, se prefere a anestesia geral, geralmente precedido pelo uso de um sedativo e de um analgésico, pois:
  • Evita que o paciente assista, participe e se assuste durante o ato cirúrgico.
  • Evita a dor das "picadas" de agulha e da introdução do anestésico local.
  • Permite que o paciente permaneça quieto, sem se movimentar durante a cirurgia .
  • O paciente não se lembrará de nada que ocorre na sala de cirurgia, não tendo portanto nenhum trauma psicológico.
  • Por ser muito seguro (risco de complicações severas inferior a 1 em cada 5.000 anestesias, e risco de óbito ao redor de 1 em cada 200.000 anestesias).

11 - E depois da cirurgia, quantos dias a criança necessita faltar a aula?

As crianças, se possível, são operadas numa quinta ou sexta-feira, e retornam tranqüilamente as aulas na Segunda-feira, mas com a recomendação de que evitem exercícios físicos que possam traumatizar a região cirúrgica por 2 a 3 semanas (Exemplos: - "lutas", jogar bola, andar de bicicleta, "skate", patins, "rollers",...).









































Existem Atualmente cerca de 5.000 Tipos de Exame de Sangue Para Ajudar nos Cuidados e na Prevenção dos mais Diversos Males

 
Uma revolução silenciosa (e sem data para acabar) está em curso na medicina preventiva. Com uma simples gota de sangue é possível traçar o retrato da saúde de cada um de nós com extrema precisão. A análise sanguínea não se restringe mais ao diagnóstico de doenças. Por meio dela, é possível avaliar os riscos de aparecimento de moléstias antes mesmo de seus primeiros sintomas. Os novos exames apontam os assassinos invisíveis que percorrem a corrente sanguínea e, em algum ponto da vida, podem desencadear diversos tipos de câncer, diabetes, doenças cardiovasculares, moléstias infecciosas e auto-imunes.
Os exames sanguíneos tornaram-se também uma arma vital para a realização de um antigo sonho dos médicos – a individualização dos tratamentos. Quantidades ínfimas de sangue informam como um paciente responde a determinado medicamento. "Com isso, os médicos ganham um tempo precioso tanto pelo diagnóstico precoce quanto pelo acompanhamento minucioso da evolução clínica do doente", diz o patologista Rogério Rabelo, um dos maiores estudiosos de testes de sangue automatizados do país e pesquisador do Instituto Fleury, um importante centro de pesquisa de análises clínicas. "Dessa forma, as chances de sucesso do tratamento aumentam sobremaneira." O arsenal à disposição dos especialistas é vastíssimo. Existem atualmente cerca de 5.000 tipos de exame de sangue para ajudar nos cuidados e na prevenção dos mais diversos males – do diabetes à artrite reumatóide, das hepatites ao lúpus, dos infartos e derrames aos cânceres de mama e de intestino.
Um bom exemplo dessa história de conquistas é um novo exame para a detecção precoce da artrite reumatóide. Com 2 milhões de vítimas no Brasil, a doença se caracteriza pelo ataque do sistema imunológico contra as células das articulações. A investida desencadeia um processo inflamatório, que danifica os ossos. O resultado são dores terríveis e deformações, principalmente nas mãos, nos punhos, joelhos, tornozelos e pés. Há cinco anos, surgiu o anti-CCP, teste capaz de flagrar a artrite reumatóide em estágios bastante iniciais – o que é essencial para o controle dos danos articulares. O exame detecta a presença de anticorpos contra a substância CCP, produzida pelo organismo das vítimas da artrite reumatóide. Com um índice de 98% de acerto, ele é cinco vezes mais preciso do que os testes tradicionais.
Arsenal vasto: há cerca de 5 000 tipos de exame de sangue para o diagnóstico e a prevenção das mais variadas doenças
Outra área da medicina muito beneficiada pelos avanços na qualidade das análises sanguíneas foi a cardiologia. "Com a popularização do exame de colesterol, na década de 50, os paradigmas do tratamento das doenças cardíacas mudaram completamente", diz o cardiologista Raul Santos Filho, do Instituto do Coração, de São Paulo. "A sobrevivência da cardiologia seria praticamente inviável sem os exames de colesterol." Baixar os níveis dessa gordura circulante no organismo reduz em um terço as mortes por infartos e derrames. Por isso, a medição do colesterol continua a integrar a lista dos exames sanguíneos imprescindíveis (veja quadro na pág. 89). Além do colesterol, nos últimos cinco anos surgiram importantes marcadores de problemas coronarianos. Quem carrega no sangue excesso da proteína C-reativa, do aminoácido homocisteína e da enzima fosfolipase A2 tem risco aumentado para doenças cardiovasculares.
Os novos exames só são resultado do conhecimento mais profundo da química do sangue, sobretudo ao longo dos últimos dez anos. Um dos campos que mais avançaram e possibilitaram essa evolução foi o da biologia molecular, especificamente com a criação de um método batizado de PCR, capaz de copiar pedaços específicos de material genético bilhões de vezes em poucas horas. Abria-se o caminho para a análise quantitativa e qualitativa de vírus e bactérias em escala industrial e a descoberta de mutações no DNA associadas a diversas doenças genéticas, como câncer. O autor da façanha foi um ex-hippie americano, o químico Kary Mullins, ganhador do Nobel de 1993 graças a sua invenção. Antes do desenvolvimento do PCR, os exames de sangue para o tratamento de doentes infectados por vírus ou bactérias resumiam-se aos testes de identificação da presença desses microrganismos na circulação. Com o método criado por Mullis, hoje os médicos conseguem definir com bastante acuidade a quantidade e a cepa do vírus ou bactéria que causam a doença. Esse tipo de análise é essencial no tratamento de doentes de aids e vítimas das hepatites. Uma das grandes dificuldades do tratamento da hepatite C, por exemplo, é que a doença exige um acompanhamento muito rigoroso. Com a genotipagem e carga viral de HCV, o médico pode determinar o melhor tipo de tratamento para cada paciente. É o que acontece também com as terapias anti-aids.
A contribuição do refinamento dos exames de sangue estende-se também para o campo da oncologia. A partir do momento em que se identificou a relação entre determinadas mutações genéticas e o aparecimento de tumores malignos, uma única gota de sangue passou a ser suficiente para determinar a propensão de uma pessoa ao desenvolvimento da doença. Dessa amostra são colhidos, geralmente, alguns linfócitos – um tipo de glóbulo branco, a estrutura sanguínea responsável pela defesa do organismo. Eles fornecem o DNA a ser analisado. Desses exames, um dos mais novos e importantes é o que procura defeitos nos genes MSH1 e MLH2, associados à neoplasia de intestino. Alterações nesses genes determinam um risco 30% maior para o aparecimento do câncer. A presença dessas anormalidades genéticas não significa necessariamente que a pessoa vá desenvolver a doença. Esses exames genéticos são importantes para que os pacientes invistam mais nas medidas preventivas e fiquem mais atentos aos primeiros sinais do câncer, caso ele se manifeste.
Pelas veias e artérias de um adulto circulam, em média, 5 litros de sangue. Numa mulher, a quantidade é um pouco menor – 4,5 litros. "O sangue é uma fonte inesgotável de novidades científicas", diz o médico Adagmar Andriolo, professor de patologia clínica da Universidade Federal de São Paulo. É quase rotineira a descoberta de um novo componente ou de uma utilidade inédita para substâncias já conhecidas (veja quadro na pág. 89). Sabe-se hoje que o sangue carrega dezenas de milhares de compostos, além de suas estruturas básicas – os glóbulos vermelhos, os brancos e as plaquetas. Essas microestruturas ficam mergulhadas no plasma (a parte líquida do sangue) junto com hormônios, proteínas, gorduras, enzimas, vitaminas, sais minerais, bactérias, entre outros. Tão importante quanto identificar, quantificar e qualificar essas estruturas é decifrar seus benefícios e seus malefícios para o organismo. A insulina, por exemplo, é um hormônio essencial à vida. Cabe a ela retirar as moléculas de açúcar da circulação e jogá-las para dentro das células, onde se transformam em energia. O excesso desse hormônio pode ser extremamente danoso à saúde das veias e artérias. Em grandes quantidades, quando carregada pelo sangue, a insulina age como um arame farpado sendo arrastado pelos vasos sanguíneos. Os danos causados por esse processo são os responsáveis pelas principais complicações do diabetes, como retinopatia, insuficiência renal e quadros de gangrena, entre outras. Há dois anos começou a ganhar popularidade uma nova utilidade para o exame de hemoglobina glicada, que mede a taxa de açúcar no sangue até três meses antes de sua realização. Altos índices dessa substância em circulação estão diretamente relacionados a um aumento na probabilidade de ocorrência de complicações.
Revolução: uma gota de sangue basta para realizar um hemograma, exame que analisa os principais componentes sanguíneos
Outra evolução notável nas análises sanguíneas diz respeito aos equipamentos utilizados. A maioria dos testes de sangue atualmente é feita por um maquinário ultramoderno, que ocupa apenas 6 metros quadrados, mas é capaz de analisar até 15.000 amostras de sangue por dia. Em 1960, quando o processamento era quase totalmente manual, o espaço para fazer essa quantidade de testes seria de 2.000 metros quadrados. Além disso, as máquinas atuais requerem amostras cada vez menores para discriminar ou dosar as diversas substâncias encontradas no sangue. Um teste de glicemia, por exemplo, requer apenas um vigésimo de gota. O mesmo exame, quinze anos atrás, exigiria um tubo de ensaio.
A partir da década de 90, um verdadeiro arsenal de aparelhos portáteis para exames de sangue chegou ao mercado. Em menos de cinco minutos, os dispositivos caseiros ajudam a controlar doenças crônicas ou auxiliam atletas a avaliar sua performance. Um dos aparelhos domésticos mede o tempo de coagulação do sangue e é usado para pacientes que tomam anticoagulantes. Outro mede o colesterol total e os triglicérides. E outro, importado, fornece informações separadamente sobre os níveis de LDL e HDL no sangue. O mais popular desses aparelhinhos é, no entanto, o medidor de glicemia. Ele melhorou sobremaneira a qualidade de vida dos diabéticos, que têm de medir mais de uma vez ao dia seu nível de açúcar no sangue. Vinte anos atrás, o mesmo doente precisava ir ao laboratório coletar sangue diariamente. Alguns até três vezes ao dia. Como era difícil dispor de tanto tempo para os testes, o resultado era que o doente raramente controlava a doença como deveria.
Linha de produção: as máquinas mais modernas realizam até 15 000 exames de sangue por dia – o dobro de dez anos atrás
Um dos maiores desafios dos cientistas agora é criar maneiras mais eficazes para saber com exatidão quais são as principais ameaças e, mais importante ainda, tentar desenvolver métodos que protejam o organismo contra danos. Para isso, continua-se investindo pesado em pesquisas e tecnologias. Os investimentos direcionam-se também para a invenção de novos métodos de diagnóstico. No ano passado, um grupo de pesquisadores de uma universidade australiana lançou o primeiro biossensor digital de sangue. O dispositivo é quase do tamanho de uma fita cassete, com a espessura de um CD. Ele usa nanotecnologia e foi criado para fazer diagnósticos de algumas doenças ou detectar a presença de drogas, como maconha e cocaína, ou hormônios em locais críticos, como ambulância e salas de emergência. E a revolução continua.

As doenças que os novos exames apontam

As novas análises são capazes de determinar a probabilidade de uma doença vir a se manifestar

ARTRITE REUMATÓIDE

A artrite reumatóide caracteriza-se pelo ataque do sistema imunológico contra as células das articulações. A investida desencadeia um processo inflamatório que danifica os ossos. Há um exame capaz de flagrar a artrite reumatóide em estágios bastante iniciais. Trata-se do anti-CCP. O exame detecta a presença de anticorpos contra a substância CCP, produzida pelo organismo das vítimas da doença. Com um índice de 98% de acerto, ele é cinco vezes mais preciso do que os testes tradicionais

CÂNCER DE MAMA, DE OVÁRIO E DE INTESTINO

Por meio do sangue, é possível determinar se uma pessoa tem propensão genética a diversos tipos de câncer. Os genes mais testados atualmente são os que se relacionam aos tumores malignos de mama e de intestino. Mulheres com alterações nos genes BRCA1 e BRCA2 têm até 80% de risco de desenvolver tumores de mama e 40% os de ovário. Os genes MSH1 e MLH2 são responsáveis por 90% dos casos de câncer de intestino. Os exames verificam se o grau de mutação genética indica riscos

DIABETES

Com o teste da hemoglobina glicada é possível avaliar as alterações nos níveis de açúcar ocorridas até três meses antes. Assim o controle do diabetes fica muito mais preciso. Há dois anos, os médicos descobriram que os níveis dehemoglobina glicada estão intrinsecamente relacionados à probabilidade de o paciente desenvolver complicações típicas do diabetes, como retinopatia, insuficiência renal, infartos e derrames

DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Há no mercado testes capazes de determinar alterações nos níveis de substâncias diretamente relacionadas à ocorrência de infartos e derrames. Um desses marcadores é a proteína C­reativa, liberada pelo fígado sempre que há uma inflamação no organismo, como a deflagrada pelo acúmulo de placas de gordura nas artérias. O exame que mede as quantidades dessa proteína chama-se PCR ultra-sensível. Outro indicador de problemas cardiovasculares é o aminoácidohomocisteína. Ele está associado ao aumento dos riscos de formação de trombos, que pode levar ao entupimento arterial. Há ainda o teste de nome PLAC, que mede as taxas da enzima fosfolipase A2, importante marcador de inflamação nas artérias

LÚPUS

O lúpus é uma doença auto-imune bastante grave. Em 2000, chegou ao mercado um exame de sangue capaz de detectar o início do problema no sistema imunológico. Trata-se da identificação de anticorpos anticromatina. Com esse tipo de análise, os pacientes conseguem controlar os sintomas da doença antes que eles se tornem severos demais

Outras novidades

Exames tradicionais que evoluíram muito

AIDS

Hoje se sabe que tão importante quanto identificar a presença do vírus HIV no organismo é determinar as suas quantidades e seu perfil genético. Isso possibilita ao médico indicar um tratamento mais efetivo, com remédios contra os quais o vírus não tem resistência. O nome desse exame é genotipagem e carga viral de HIV

HEPATITE C

Uma das grandes dificuldades do tratamento da hepatite C é que a doença exige um acompanhamento muito rigoroso. Há um exame que determina a quantidade no organismo do vírus HCV e identifica a sua cepa. A esse tipo de avaliação se dá o nome de genotipagem e carga viral de HCV. Com isso os médicos podem escolher o melhor tipo de tratamento para cada paciente

DETECÇÃO DE DNA FETAL

Por meio da análise do sangue materno é possível identificar o sexo e o fator Rh do bebê, a partir da oitava semana de gestação. O teste é importante para determinar a compatibilidade entre o sangue da mãe e o do feto. Ele dispensa também a amniocentese, método que colhe o material genético do feto através de punções na placenta, o que oferece risco de aborto

Check-up sanguíneo

Os exames de sangue mais comuns devem ser feitos regularmente a partir dos 20 anos

HEMOGRAMA

O que é

Analisa a quantidade e a qualidade dos glóbulos vermelhos, das plaquetas e dos glóbulos brancos  

Importância

Alterações na quantidade e no formato dos glóbulos vermelhos são sinal de anemia. Plaquetas abaixo do limite indicam problemas de coagulação como hemorragias. Excesso na quantidade de glóbulos brancos diagnostica infecções por vírus ou bactérias

GLICEMIA

O que é

Mede o nível de açúcar
Importância
É imprescindível para o diagnóstico precoce do diabetes do tipo 2. Quando a doença é detectada no início, reduz-se à metade o risco de complicações como cegueira, infarto e insuficiência renal  


COLESTEROL TOTAL

O que é

Mede a soma dos níveis de LDL (o mau colesterol) e HDL (o bom colesterol)
Importância
Altas taxas de colesterol sinalizam risco de infartos e derrames e doenças como diabetes, cirrose hepática e hipotireoidismo


LDL E HDL

O que é

Mede separadamente as taxas de LDL e HDL
Importância
Em excesso, o LDL pode entupir as artérias. O HDL, por sua vez, ajuda a limpar as artérias, livrando-as do acúmulo de gordura. O ideal é ter muito HDL e pouco LDL circulando no sangue


TRIGLICÉRIDES

O que é

Mede a quantidade de outro tipo de gordura, os triglicérides, no sangue
Importância
Níveis elevados de triglicérides aumentam os riscos de doenças cardiovasculares, diabetes e síndrome metabólica


TSH E T4

O que é

Em conjunto, os hormônios medem o funcionamento da tireóide
Importância
Níveis alterados dos dois hormônios indicam que a atividade da tireóide, glândula que dita o ritmo de metabolismo do corpo, está desregulada


CREATININA

O que é

Quantifica os níveis dessa substância, que, produzida pelas fibras musculares, pode indicar problemas nos rins
Importância
Muita creatinina no sangue é sinal de comprometimento das funções renais. Os rins não estariam dando conta de eliminá-la do organismo


GAMA-GLUTAMIL TRANSFERASE (GAMA GT)

O que é

Mede a quantidade da enzima Gama GT, produzida pelo fígado
Importância
A análise das taxas de Gama GT mede o grau de integridade do fígado, órgão muito suscetível à ação de bebidas alcoólicas e alguns medicamentos, como as estatinas  


HEPATITE A, B E C

O que é

Identifica anticorpos para os vírus mais comuns da doença
Importância
A hepatite pode não apresentar sintomas específicos. Caso o organismo tenha apenas entrado em contato com o vírus, sem adquiri-lo, a prevenção pode ser feita com vacinas para os tipos A e B

Fontes: Adagmar Andriolo, professor de patologia da Unifesp, João Renato Pinho, coordenador do laboratório de técnicas especiais do Hospital Albert Einstein, e Nairo Sumita, diretor do laboratório de bioquímica do Hospital das Clínicas de São Paulo

O sangue ao longo da história


500 a.C.

Ao dissecar animais, o grego Alcmaeon de Crotona é o primeiro a fazer a distinção entre veias e artérias

400 a.C.

O grego Hipócrates, considerado o pai da medicina, sustenta que a boa saúde depende do equilíbrio entre as quatro substâncias (ou humores) do organismo: as biles amarela e preta, a fleuma e o sangue

De 130 a 200 a.C.

O médico Galeno desenvolve a tese segundo a qual o sangue se forma no fígado e circula pelo organismo em apenas uma direção. Com base nas teorias hipocráticas, ele acredita que os humores são o retrato do estado de espírito das pessoas. O humor sanguíneo equivale a comportamentos alegres, enérgicos e produtivos  

1628

O médico inglês William Harvey publica o primeiro trabalho científico no qual mostra que o sangue circula pelo corpo bombeado pelo coração

1665

O fisiologista inglês Richard Lower faz a primeira transfusão de sangue, ligando a veia jugular de um cachorro à artéria do pescoço de outro  

1674

O microscopista holandês Antonie van Leeuwenhoek descreve a existência dos glóbulos vermelhos e brancos. Para isso, analisa gotas de seu próprio sangue num microscópio construído por ele  

1901

O médico austríaco Karl Landsteiner descreve pela primeira vez a existência de diferentes grupos de sangue. Ele identifica os grupos A, B e C (que mais tarde seria chamado de O)

1902

Landsteiner e seus colegas Alfred von Decastello e Adriano Sturli identificam o quarto grupo sanguíneo, o AB  

1940

Karl Landsteiner e Alexander Wiener descobrem o fator Rh, fazendo experimentos em macacos Rhesus

2005

Há cerca de 5 000 exames de sangue disponíveis. Além de suas estruturas básicas (leucócitos, hemácias e plaquetas, imersos no plasma), sabe-se que outras dezenas de milhares de substâncias circulam pelo plasma – hormônios, vitaminas, gorduras e sais minerais, entre outras. O sangue continua a ser uma fonte inesgotável de descobertas. Uma das mais recentes e importantes é a identificação da enzima fosfolipase A2, em 1995. Em 2000, ela é incluída na lista dos marcadores para riscos cardiovasculares

Em casa

Os testes portáteis facilitam o controle de várias doenças. Eles são realizados com apenas uma gota de sangue, extraída da ponta de um dedo


COAGULAÇÃO
O aparelho mede o tempo de coagulação do sangue. É usado para o controle dos pacientes em tratamento com remédios anticoagulantes. O resultado sai em um minuto e a máquina custa cerca de 2 500 reais

LACTATO

O medidor de lactato é indicado para avaliar o desempenho de atletas de alta performance. Quanto maior o preparo do atleta, menores as concentrações da substância no sangue. O resultado fica pronto em um minuto. O aparelho custa em torno de 1 000 reais

GLICEMIA

Uma nova versão do exame portátil mais vendido chega ao mercado no próximo mês. Além de medir os níveis de glicose no sangue, o aparelho pode ser programado pelo médico de acordo com as necessidades de cada paciente. Deve ser lançado com o preço de 150 reais


PERFIL LIPÍDICO

O aparelho mede as concentrações de triglicérides, glicemia e colesterol total. Cada uma dessas medições exige uma gota de sangue. É recomendado para diabéticos e pacientes com excesso de gordura no sangue. Seu preço gira em torno de 550 reais

COLESTEROL FRACIONADO

Além da glicose e dos triglicérides, o aparelho dosa também a concentração dos dois tipos de colesterol no sangue – o HDL, o colesterol bom, e o LDL, o ruim. Ele é bem maior do que a maioria dos aparelhos de testes caseiros e os resultados saem em cinco minutos. Importado, ele custa cerca de 10 000 reais.